segunda-feira, 17 de junho de 2013

Uma nova chance para a Cultura em Siqueira Campos


por Eder Ferreira

Na última sexta-feira, vivemos um momento impar na história de Siqueira Campos. Pela primeira vez, a cultura foi vista não como algo ignóbil, sem valor, apenas como devaneio temerário de alguns insanos afoitos por artes, mas sim, como algo de relevante importância. Na reunião organizada pelo Departamento Municipal de Cultura, vimos, apesar dos debates ocorridos terem destoado do objetivo central, uma mobilização legitima e de grande destaque, em função de nossa luta por uma política cultural real e presente na realidade siqueirense.
Não vou entrar em pormenores sobre os acontecimentos de tal evento. Apenas quero deixar claro que, por mais que possa ter parecido um momento de luxúrias particulares e tentativas arbitrárias de demonstração de poder, os debates que acorreram na noite referida mostram que a cultura está sim sendo levada a sério em nosso município. E não só pelo grande número de pessoas que compareceram, mas principalmente pelo espírito de luta e de inconformismo que pôde ser sentido nos olhos de todos.
O que ficou no final, para muitos dos presentes, ao verem o então Diretor Municipal de Cultura Arnaldo Luska declarar a reunião cancelada, por causa dos argumentos de Alessandro Silva e Pastor Esdras, foi a certeza de que a cultura de Siqueira Campos sofreu mais um golpe, e por isso, retrocedeu mais alguns degraus em sua tortuosa caminhada rumo ao progresso. Entendo isso, e não acredito que tal indignação seja ilegítima, pois partiu da vontade de se construir um sistema político-cultural eficiente em Siqueira Campos. Porém, vejo que os debates acalorados e toda a raiva contida que se seguiu após o cancelamento da reunião demonstrou um sentimento cultural já visto em outras situações de nossa história, como a Semana de Arte Moderna de 22, por exemplo, que, para os contemporâneos de tal evento, não passou de uma piada de mal gosto, mas que, para nós, se tornou um marco intransponível da luta por uma cultura legitimamente brasileira.
Analisando os eventos que culminaram na interrupção dos trabalhos que elegeriam o novo Conselho Municipal de Cultura, vejo que, apesar da frustração da maioria, podemos enxergar tudo isso como mais um oportunidade de se repensar a cultura siqueirense e, mais do que isso, reavaliar o quanto egos feridos e disputas pessoais podem continuar a interferir no avanço de nossa cidade.
Para finalizar, dois recados: aos que comemoraram o cancelamento da reunião, que se sensibilizem por aqueles que só querem ver as coisas acontecerem de verdade e não apenas no papel (ou na lei). E, para os que condenaram o cancelamento da reunião, achando que a cultura regrediu mais um passo, lembrem-se que “para quem está no fundo do poço, só resta subir ao topo”.

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